Aloísio Latgé

Fui criado em Niterói, no estado do Rio de Janeiro, Brasil, planeta Terra.

Acredito ter tido uma infância feliz, pois, apesar de guardar menos de 60 lembranças dela, não existem indícios do contrário, muito menos de ter passado por privações ou grandes sofrimentos. Era uma criança que brincava na rua e não me preocupava com os estudos e nem com o futuro.

Adolescente, mantive essa mesma fórmula, acreditando ser assim a vida e que, sem comprometimento e muito pensar, tudo seguiria um curso natural. Soltava cafifa, balão – à época não era proibido –, jogava vôlei, futebol e andava para cima e para baixo com minha Caloi 10, pelo pacato bairro de São Francisco – que à época ainda trazia “Saco de” à frente do nome. Isso foi bom até os 15, 16 anos, depois ficou um saco – mesmo tendo o bairro perdido o dele…

Então, quando chegou a hora do vestibular, me perguntaram: e aí, o que você vai cursar? E eu simplesmente não sabia responder! Fiz um teste de orientação vocacional que apontou que eu tinha perfil para cursar Publicidade ou Artes. O cara do teste, para me “ajudar”, falou: Se você quiser saber como é o curso de Artes, dá um pulinho na Escola de Belas Artes, aqui ao lado para conhecer…

Cheguei lá e me assustei com tanta gente estranha: umas mulheres mal vestidas e uns caras barbudos e cabeludos! Optei, evidentemente, pela Publicidade. Mal sabia que, vinte anos depois, carcomido por anos e anos de noites mal dormidas, de finais de semana perdidos e de “Peraí, férias nem pensar!”, impostos pela profissão de designer gráfico de impressos, seria eu mais um desses caras barbudos, cabeludos e mal vestidos que transitam por aí!

Bem, foi assim que descobri que nem tudo se resolve no final. Mas que muita coisa se faz no meio…

Evolui, de bolinhas de papel feitas de folhas arrancadas de cadernos de espiral e descartadas pelas calçadas – minhas poesias pueris, que não guardo registro –, para centenas de arquivos organizados em dezenas de pastas, hospedados em meu laptop pessoal e nas nuvens… – kkk – Dá até uma falsa sensação de importância esse “hospedado nas nuvens”!

Me experimentei na poesia, nos contos curtos, nos contos longos, nos artigos, nos textos autobiográficos, nos romances, nas histórias infantis, nos trabalhos acadêmicos e nas letras de músicas… Divulguei meus trabalhos através de cartas, e-mails, postagens em redes sociais, blogs e sites – o que estivesse na moda, à época. Me inscrevi em concursos de literatura. Até me auto publiquei e me dei de presente de Natal, para familiares e amigos.

Mas não ganhei prêmios e nem me tornei um sucesso de público e crítica. Na verdade, ninguém nunca me incentivou, elogiou, curtiu, compartilhou ou comentou nada que divulgava. Cheguei a parar de escrever e compor, algumas vezes. Me senti um idiota e me tornei muito mais crítico sobre mim e minha produção literária e musical.

Por que continuar escrevendo? Me divulgando?

O que eu posso fazer se gosto pra cacete de escrever e de compor? Entre outras formas criativas de me expressar… Seja para mim mesmo ou para aqueles que se aventuram a curtir um pouco do “meio do caminho” alheio, continuo escrevendo, compondo e… blá, blá, blá…

É para mim mesmo! São anos e anos escrevendo, compondo e me divulgando sem alcançar nenhum resultado. Continuo escrevendo, compondo e me divulgando, pois gosto de escrever e compor. Eu adoro me expressar de forma criativa e adoro o que escrevo e componho!

Enfim, se alguém quiser perder seu tempo, junto comigo, sou Aloísio – poeta, escritor, compositor, entre outras coisas. E sigo escrevendo, compondo e me divulgando, antes que chegue o fim e (.)

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